quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

One

Eu cheguei na casa da minha mãe ontem e havia três cartas pra mim. Pela letra eu reconheço as carinhas de quem escreveu. Em agosto, quando eu passava por uma fase muito difícil um cartão praticamente me salvou.

Já fazia dias que eu só chorava, não conseguia falar com ninguém e nada me ajudava...ao abrir a porta da sala sobre a mesa tinha um cartão da Tina, da Finlândia. Em menos de dez linhas o alívio que eu precisava.

Perto do carimbo do correio, um berimbau desenhado pelo Luka, meu filho de coração, como chamam os afilhados por lá. Naquele momento eu me senti abraçada e querida da forma mais sincera possível.

Que 2010 seja.






One - U2 - do álbum Achtung Baby, 1991



Is it getting better?
Or do you feel the same?
Will it make it easier on you now?
You got someone to blame
You say
One love
One life
When it's one need
In the night
One love
We get to share it
Leaves you baby if you
Don't care for it


Did I disappoint you?
Or leave a bad taste in your mouth?
You act like you never had love
And you want me to go without
Well it's


Too late
Tonight
To drag the past out into the light
We're one, but we're not the same
We get to
carry each other
carry each other
One


Have you come here for forgiveness?
Have you come to raise the dead?
Have you come here to play Jesus?
To the lepers in your head


Did I ask too much?
More than a lot.
You gave me nothing,
Now it's all I got
We're one
But we're not the same
See we
Hurt each other
Then we do it again
You say
Love is a temple
Love a higher law
Love is a temple
Love is a higher law
You ask me to enter
But then you make me crawl
And I can't keep holding on
To what you got
When all you've got is hurt


One love
One blood
One life
You got to do what you should
One life
With each other
Sisters and my
Brothers
One life
But we're not the same
We get to
Carry each other
Carry each other


One...
One...


Can You hear us coming Lord 
Can You hear us call 
Feel us knocking 
We're knocking at Your door


Um - não me canso de traduzir essa



As coisas estão melhorando?
Ou você ainda sente o mesmo?
Está sendo mais fácil pra você agora?
você tem alguém para culpar

Você diz
um amor
uma vida
quando este é uma necessidade
na noite

um amor
a gente tem que dividi-lo
porque ele te deixa, baby se você
não tomar conta dele

Eu te desapontei?
Ou deixei um gosto ruim na sua boca?
você age como se nunca tivesse tido amor
e você quer me deixar ir sem
bem, é
tarde demais
esta noite
para trazer o passado de volta
nós somos um, mas não somos o mesmo
a gente tem que
carregar um ao outro...
um...



Você veio aqui pelo perdão?
você veio aqui para ressuscitar os mortos?
você veio aqui para brincar de Jesus?

para os leprosos na sua cabeça?


Eu perguntei demais?
mais do que muito
você não me deu nada
agora isso é tudo que tenho
nós somo um
mas nós não somos o mesmo
veja, nós
machucamos um ao outro
então, fazemos isso de novo
Você diz
o amor é um templo
o amor é a lei maior


você me pede pra entrar
mas então me faz rastejar
e eu não posso continuar abraçando
tudo que você tem
quando tudo que você tem é dor


Um amor
um sangue
uma vida
você tem que fazer o que deve
uma vida
um com o outro
irmãs e meus
irmãos

Uma vida
mas nós não somos o  mesmo
a gente tem que
carregar um ao outro
um...



Senhor, pode nos ouvir chegar?
pode ouvir nosso chamado?
sente-nos bater?
estamos batendo à Sua porta...


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Just my imagination

Em determinados dias aquela palavra ganha mais força...saudade... e eu tento fugir da tristeza provocada pela distância de pessoas que me fazem tão bem... Uma das coisas mais bonitas que alguém já me disse foi "eu queria que você morasse na minha rua"...e já faz algum tempo.

São pessoas muito especiais...que me trazem lembranças mais especiais ainda. Como a
Bebê... que me fazia rir com seu vício: na época da faculdade ela assistia "Os Embalos de Sábado à noite" todos os dias, ainda em VHS.

Mas, não era apenas assistir ao filme...ela se montava toda pra isso, com direito a sapato e calça boca de sino que remetiam à época e também dançava em frente à TV...chego a sentir o cheiro do lanche preparado pelos pais dela para o café da tarde e a mesa cheia...
família Melazzo.

Já repararam que pra nossas famílias a gente sempre precisa comer mais um pouco? A dona Ângela, mãe do
Júlio também me acolheu na casa dela com seus dons de Dona Benta...até me prontifiquei a ajudar a descascar milho...a recompensa? Rocambole e bolo de chocolate! Enquanto isso, na sala, eu, Ju e Babi aproveitávamos o tempo juntos no mesmo puff assistindo a filmes na TV ou DVD.

Na casa do
Dênis, que hoje está um pouquinho mais triste eu costumava ouvir aquela vozinha da mãe dele "menina, você tá muito magra, pode comer mais".

Na casa dos meus pais também fazem isso. Quando falo pra minha
mãe que vou levar alguém ela logo se prepara para fazer pão de queijo, minhas irmãs ajudam com bolos e todas essas coisas...

Família pode ser legal...tanto a que você tem quanto aquelas que te
acolhem em determinados momentos de sua jornada...

E a estes três amigos citados hoje eu dedico os versos roubados de The Cranberries, que tem shows marcados no Brasil em 2010.








Just my imagination - The Cranberries - ( Bury the hatched, 1999)


There was a game we used to play
We would hit the town on friday night
And stay in bed until sunday
We used to be so free
We were living for the love we had and
Living not for reality

It was just my imagination
There was a time I used to pray
I have always kept my faith in love
It´s the greatest thing from the man above
The game I used to play
I´ve always put my cards upon the table
Let it never be said that I´d be unstable

It was just my imagination

There is a game I like to play
I like to hit the town on friday night
And stay in bed until sunday
We´ll always be this free
We will be living for the love we have
Living not for reality
It´s not my imagination
Not my...


Só minha imaginação (tradução minha)


Tinha um jogo que a gente costumava brincar
nós podíamos ganhar a cidade na sexta à noite
e ficarmos na cama até domingo
a gente costumava ser tão livre
vivendo pelo amor que tínhamos e
e não  pela realidade
foi só a minha imaginação

Houve um tempo que eu costumava rezar

sempre mantive minha fé no amor
é a maior coisa deixada por Deus
no jogo que eu costumava brincar
sempre colocava minhas cartas na mesa
jamais poderiam me acusar de ser instável
isso foi só a minha imaginação

Tem um jogo que eu gosto de jogar

eu gosto de ganhar a cidade na sexta a noite
e ficar na cama até domingo
a gente vai sempre ser livre assim
vamos viver pelo amor que temos
e não pela realidade
e isso não é a minha imaginação
Não a minha..


Foto: Divulgação

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Hey, that´s no way to say goodbye

Não sei por que não assisti antes o filme Encontro Marcado (Meet Joe Black, 2001). Passei a madrugada de quinta pra sexta vendo este drama.


Imaginar a morte no corpo do Brad Pitt e apaixonada...que viagem...e o dono de uma mega empresa de comunicação preocupado em fazer apenas o que, trazendo pro meu mundo, seria jornalismo de qualidade.


A morte o escolheu para que o ensinasse como era estar vivo... e este enredo me levou pra uns 15 anos passados, quando li um livro chamado Através do Espelho, do mesmo autor de O Mundo de Sofia.



No livro uma menina muito doente recebe a visita de um anjo. Eles começam uma amizade e ela quer saber como é ser anjo e o anjo quer saber como é ser gente.


A narração é muito boa...a descrição das sensações, dos gostos...


Eu não tenho medo da morte...só não gosto de deixar nada por fazer. Cada um deve viver a sua vida e realizar os seus sonhos porque isso ninguém faz pela gente...gente movida a paixão, a sonho, a ódio...a amor...


Mas eu tenho medo de deixar coisas inacabadas...de não poder dizer adeus...de não me despedir...de não dizer o que sinto...

Fico pensando em como foram as últimas horas de
Cobain, de Layne, até mesmo de Michael...de dois amigos meus que foram assassinados de uma forma violenta e sem explicação...eles não tiveram tempo...


Eu não quero desperdiçar o meu tempo...

Gosto de
sentir...sentir que estou viva e quando vejo um filme que me emociona e acelera os batimentos do meu coração e traz lágrimas aos meus olhos...isso mostra que ainda existe um sentimento bom aqui...

Eu
mudei um pouco nos últimos anos...estou mais fechada...até tento não trancar as portas mas é difícil me acostumar a deixá-la encostada.


Existem muitas pessoas más neste mundo...que magoam, ferem... então, vc cria cicatrizes que muitas vezes não curam.



Mesmo assim, eu prefiro as cicatrizes à indiferença, ao não-sentir... nada pior que não sentir nada... eu já passei por isso...e esse vazio insiste em voltar.



Voltando ao filme e ao livro, pensei numa música logo após subirem os créditos. Uma música com versos de um cara que tem a melancolia na voz grave...neste caso, dois caras...



A música é Hey, that´s no way to say goodbye. O título já diz tudo...a gente nunca tá preparado pra dizer adeus. Não tem como fazer isso de um jeito fácil.

A autoria desta bela canção é de Sir
Leonard Cohen, mas a versão que está martelando na minha cabeça agora é a do Renato Russo - que teve tempo de se despedir. Sim, fala de amor...e o amor tem várias formas...nem sempre entre homem e mulher precisa estar relacionado a sexo...a gente ama alguém quando de alguma forma essa pessoa nos faz sentir... o que...não importa tanto...



Versos roubados de hoje abaixo...traduzidos por mim...
Pra você, boa noite.


Hey, that´s no way to say goodbye - Leonard Cohen


I loved you in the morning, our kisses deep and warm,
your hair upon the pillow like a sleepy golden storm,
yes, many loved before us, I know that we are not new,
in city and in forest they smiled like me and you,
but now it's come to distances and both of us must try,
your eyes are soft with sorrow,
Hey, that's no way to say goodbye.

I'm not looking for another as I wander in my time,

walk me to the corner, our steps will always rhyme
ou know my love goes with you as your love stays with me,
it's just the way it changes, like the shoreline and the sea,
but let's not talk of love or chains and things we can't untie,
your eyes are soft with sorrow,
Hey, that's no way to say goodbye.

Hey, não tem como dizer adeus


Eu te amei de manhã, nossos beijos profundos e mornos
seu cabelo sobre o travesseiro como uma tempestade dourada adormecida
sim, muitos amaram antes de nós, eu sei que não somos os primeiros
na cidade e na floresta eles sorriem como eu e você
mas agora a distância vem se aproximando e nós dois temos que tentar,
seus olhos expressam um leve sofrimento,
Hey, não tem como dizer adeus

Eu não estou procurfando por outro como já fiz outras vezes,

para andar comigo pelas esquinas, com nossos passos sempre combinados
você sabe que meu amor vai com você como o seu amor vai ficar comigo
é assim que se muda, como a areia e o mar
mas não vamos falar de amor ou correntesw e as coisas que não podemos libertar
seus olhos expressam um leve sofrimento,
Hey, não tem como dizer adeus.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Eu não gosto de ninguém

Eu tenho alguns problemas, eu tenho muitos problemas. Mas, a maior parte deles tem a ver com outras pessoas. Eu até tento ignorar, mas às vezes é impossível.

Incrível como aparecem "amigos" de tempos em tempos. São tão íntimos que saem por ai falando coisas a seu respeito que nem você sabe. Porém, não conversam contigo. Quando muito, forçam amizade e isso é muito, muito tosco.

Inúmeras são as pessoas que ofereceram soluções para os meus problemas. Qual é...cada um sabe de si, as causas e os efeitos de seus traumas, nem é preciso psicólogo nenhum pra sacar. Se você sabe a causa e a ainda não se livrou dela a culpa é sua, mas daí a ter que ouvir "eu sei o que você precisa", "você tem que..."...ah ... VSF!

Tem pessoas que demoram uma vida pra parar de tentar compensar expectativas alheias...começa em casa, vai pra escola e se alastra pelos relacionamentos que se seguem... Me conta fora dessa.

Entre as bandas de rock nacional que eu ouço muito, apesar de sair do meu estilo loser e alternativo de ser, está o Matanza. Eles não inventaram nada... fazem rock e pronto, tem a pegada mais hardcore da coisa, mas é rock, cantado em bom português e sem meias palavras. A letra é do Donida, que, parece que deixou mesmo o grupo... Os versos roubados de hoje são do Matanza...Jimmy London e companhia, cheers!




Eu não gosto de ninguém - do disco A Arte do Insulto, Deckdisc, 2006


Não me faça nenhum favor
Não espere nada de mim
Não me fale seja o que for
Sinto muito que seja assim


Como se fizesse diferença
O que você acha ruim
Como se eu tivesse prometido
Alguma coisa pra você
Eu nunca disse que faria o que é direito
Não se conserta o que já nasce com defeito
Não tem jeito
Não há nada a se fazer


Mesmo que eu pudesse controlar a minha raiva
Mesmo que eu quisesse conviver com a minha dor
Nada sairia do lugar que já estava
Não seria nada diferente do que sou


Não quero que me veja
Não quero que me chame
Não quero que me diga
Não quero que reclame
Eu espero que você entenda bem
Eu não gosto de ninguém

domingo, 6 de dezembro de 2009

Wake up - The Arcade Fire



Domingo é um dia ruim. Really sucks. Mas, no jornalismo, você tem que aprender que não é dono do seu tempo. Mas hoje eu vim para o meu plantão com o humor melhor do que o normal. A razão? O dia cinza. O barulho do vento, a chuva que molhava meu cabelo, o som dos meus passos sobre o chão com botas de cano alto. É quase um dia feliz... no iPod entre uma música e outra veio essa, os primeiros versos roubados deste blog.

The Arcade Fire. Essa banda foi uma surpresa no Tim Festival de 2005. Com Strokes como headliners e um Kings of Leon na mesma noite eu não imaginei que a maior surpresa da noite viesse deste grupo. Esta música foi a primeira que tocaram e me fez arrepiar. A letra pode ser pessimista à primeira vista. Tem dúvida, mas tem sonho, tem súplica...Ah, esqueci de mencionar... vocês verão muitos versos roubados em inglês...


The Arcade Fire - Wake Up (CD: Funeral)



Somethin' filled
my heart with nothin',
someone told me not to cry. 

But now that I'm older
my heart's colder,
and I can see that it's a lie

Children wake up
hold your mistake up,
before they turn the summer into dust. 

If the children don't grow up,
our bodies get bigger
but our hearts get torn up.
We're just a million little god's

causin rain storms turnin'
every good thing to rust.

I guess we'll just have to adjust.

With my lighnin' bolts a glowin'
I can see where I am goin' to be

when the reaper he reaches
 and touches my hand.

With my lighnin' bolts a glowin'
I can see where I am goin'
With my lighnin' bolts a glowin'
I can see where I am go-goin'

You'd better look out below

Tradução (by me)


Acorde



Algo preenche
meu coração com nada
alguém me disse pra não chorar

Mas agora estou mais velho
meu coração mais frio,
e eu posso ver que isso é uma mentira

Crianças, acordem
segurem seus erros
antes que eles transformem o verão em pó 

Se as crianças não crescerem
nossos corpos não ficarem maiores
mas nossos corações serão tirados     
Somos apenas um milhão de pequenos deuses

provocando tempestades e tornando
tudo que é bom em ferrugem

Eu acho que a gente tem apenas que se ajustar

Com os faróis de meus barcos reluzentes
eu posso ver onde estarei

quando o estivador me alcançar
e tocar minha mão

É melhor você prestar atenção ai embaixo...




Foto: Divulgação

Open the door...

Eu nunca consegui manter um blog. A razão principal para isso é que um blog, na minha opinião, tem que ser muito pessoal. E não sou do tipo que costuma falar abertamente sobre o que se passa na minha vida com ninguém, salvo poucos amigos, ou meu diário. Sim, um diário tradicional no qual se escreve com caneta e se coloca fotos, ingressos de shows, recibos de passagens, guardanapos com recados e qualquer outra coisa que alguém que realmente importa em sua vida fez pra você.

Como jornalista, me acostumei a narrar muitas histórias. Gosto de ser fiel a elas e tento, pelos meus textos, ser os olhos de quem não esteve no mesmo lugar que eu. De artista não tenho nada. Mas sou apaixonada por música, por rock. Durante uma conversa via MSN com alguém que, teoricamente, eu não conheço - me vi refletida em algumas frases.

Para cada coisa que ele dizia eu tinha um trecho de música para ilustrar. E daí veio ele com "A menina que roubava versos". Se, no quesito idade cronológica já não sou mais uma menina faz tempo, me recuso a deixar de lado o que resta de menina neste ser "adulto". Não vou deixar minha criança de lado. E, por aqui, vão passar esses versos que eu roubo e que expressam tão bem tudo que eu não consigo dizer.