quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

M.I.A.

Vou dar uma volta. Sem hora pra dormir ou acordar. Sem nada na agenda. Hora de organizar os achados e perdidos...achar e perder mais, perder e achar. M.I.A., uma expressão conhecida entre os norte-americanos para militares desaparecidos em combate dá nome a uma música do Foo Fighters do disco “There´s nothing left to lose”. Aliás, título apropriado para o momento também.


Há quem pense que eu sou assim “orgulhosa demais e que tem prazer em ficar deprimida”. Não é bem assim...

Confiram a letra. Não tem vídeo oficial, mas separei o áudio aqui pra vocês. Vale ouvir o disco todo, muito bom, mas agora é hora de “M.I.A.”. Foo Fighters estará no Brasil em abril no Lollapalooza. Vamos?


M.I.A. – FOO FIGHTERS – do album “There´s nothing left to lose” (1999)

Call and I'll answer at home in the lost and found
You say that I'm much too proud
Someone who's taking pleasure in breaking down

Nevermind the mannequins, drunk in their hollow town
Drinking their spoils down, cheap imitations
The revelation is now
You wont find me I'm going M.I.A.
Tonight I'm leaving going M.I.A.
Getting lost in you again is better than being numb

Counting every minute till the feeling comes crashing down
Run when it hits the ground
I'm good at escaping
But better at flaking out

Call in unanswered the center becomes blown out
Stuck on the inside now
It's fear I'm embracing
I never could face you down

You wont find me I'm going M.I.A.
Tonight I'm leaving going M.I.A.
Getting lost in you again is better than being numb
Red, red, laced around your head
Cold and rescued (6x)

Call and I'll answer at home in the lost and found
You say that I'm much too proud
Someone who's taking pleasure in breaking down
You wont find me I'm going M.I.A.
Tonight I'm leaving going M.I.A.
So you don't find me I'm going M.I.A.
Tonight I'm leaving going M.I.A.
Say good-bye to me I'm going M.I.A.
I can find relief I'm going M.I.A.
Getting lost in you again is better than being numb
Better than being numb
Better than playing dumb.

FOTO: Heli Karppa

domingo, 4 de dezembro de 2011

LET DOWN


Acho que já devo ter dito ou escrito que a música pode mudar as pessoas. Estou mudando este conceito, mas não de forma gratuita. Por experimentação mesmo.


Tente você em um momento de alegria esfuziante ouvir o disco “Our Love to Admire”, do Interpol, por exemplo. Não vai te contaminar. Da mesma forma, se a escuridão tomou conta da tua alma e estás a arrastar o nariz no chão, não tem “Killing in the Name” que te levante o astral. Simplesmente, não dá.

E é por isso que, apesar de não ser fã de The Doors, aprecio muito uma canção chamada “When the music is over”. Mais especialmente dos versos “música é seu amigo especial... música é seu é seu único amigo... até o fim”. E sabe por que? Porque ela não tem o poder de te mudar, ela tem o poder de te fazer companhia em qualquer estado em que se encontre.

A música compartilha o seu momento, independentemente de ser reproduzida porque ela pode estar apenas na sua mente. Você faz seu videoclipe por entre os versos que rouba de outros autores que às vezes nem passaram por aquela situação, mas de repente, aquelas palavras são suas. “Você sabe no que se meteu”. E se tiver que ficar no fundo do poço por isso, fique. Não vai piorar, daí em diante o céu é o limite, não é mesmo?

A concepção da composição pode ter um motivo totalmente diferente do seu, o que não tira sua veracidade...e tal canção pode até se antecipar ao seu estado de espírito, antecipar uma tempestade. Aconteceu isso comigo com “Let Down”, do Radiohead. Ficou assim, ressoando na minha cabeça por horas e horas... A gente às vezes funciona muito mais como máquina do que imagina.

E nessa maquinaria diária algumas coisas se perdem, outras se acham, e o congestionamento das vias razão e emoção complicam o seu tráfego interno e a verdadeira bagunça só vai ser percebida muito tempo depois.

A música não te pede pra mudar, nem te força a isso porque, só você tem esse poder, nada nem ninguém pode fazer isso por ti. Então, se tiver que mudar algo, ela vai te acompanhar e te mostrar o caminho enquanto mostra o que você precisa entender sobre os próprios problemas.

Esse vídeo que eu coloquei não está muito bom. Tenho em VHS esse show, presente da Dani Santangelo que gravou pra mim há muitos anos. Aprecio muito esse material. Foi gravado no Hammerstein Ballroom em Nova York na tour do “Ok Computer”, se não me engano. Parece que não só o Thom, como todos os músicos ali no palco choram por dentro.

É um dos shows que vi assim, via vídeo, que mais me marcou. O Thom praticamente não abriu os olhos (por favor, sem piadinhas) durante toda a apresentação, fez isso em raros momentos. Muita introspecção...muito rico.



LET DOWN – RADIOHEAD – do álbum “Ok Computer” (1997)

Transport, motorways and tramlines
Starting and then stopping
Taking off and landing
The emptiest of feelings
Disappointed people
clinging on to bottles
And when it comes it's so… so disappointing

Let down and hanging around
Crushed like a bug in the ground
Let down and hanging around

Shell smashed, juices flowing
Wings twitch, legs are going
Don't get sentimental
It always ends up drivel
One day I'm going to grow wings
A chemical reaction
Hysterical and useless
Hysterical and ...

Let down and hanging around
Crushed like a bug in the ground
Let down and hanging around

Let down again
Let down again
Let down again

You know, you know where you are with
You know where you are with
Floor collapsing
Floating, bouncing back
And one day....
I am going to grow wings
A chemical reaction
Hysterical and useless
Hysterical and...

Let down and hanging around
Crushed like a bug in the ground
Let down and hanging around.


FOTO: ADREANA OLIVEIRA

BLACK - JUST BREATHE

Não tenho o que reclamar deste ano no que se refere a shows. Ver a turnê de 20 anos do Pearl Jam foi algo intenso, gratificante, nostálgico até. Há laços musicais que eu crio para substituir outros tipos de comprometimento, acabei de perceber isso.



Na PJ 20 assisti shows em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre para somar aos outros três da tour de 2005 e a um show em 2007 na Alemanha. E ainda tem espaço pra mais. A parte nostálgica dessa conexão “Black”.


Essa música tem uma letra fantástica que se junta a um instrumental precioso e ilustra uma história que faz parte da vida de muita gente. Uma situação me levou de volta há 20 anos, quando senti que tive o coração quebrado pela primeira vez.


Estranho isso...ter o coração quebrado...não quero nem ouvir o que Sheldon Cooper, meu ídolo do “The Big Bang Theory” diria ao escutar esta frase. Mas aqui não se lava tudo ao pé da letra.


Você já viu a pessoa de quem gosta com outra pessoa? É ruim, não é? Uma sensação péssima. Mas não é a pior do campo sentimental pra mim. Pior do que ver o objeto do seu afeto com outra pessoa é vê-lo com sua melhor amiga.


Em qualquer outra situação essa amiga seria o seu porto seguro, no colo de quem você poderia chorar sem ser julgado, deixar as lágrimas saírem até que o sono chegasse...caso chegasse... Me lembrei hoje como foi isso na minha adolescência.


O tempo passou, mas a dor é a mesma. Eu mudei? Sim. Pra melhor? Não sei. Às vezes sinto que me falta o tal do “amadurecimento”, mas sempre que paro para pensar nisso parece que tá tudo certo comigo...é sempre assim, errados são os outros... e isso aqui vai ser sempre a minha versão. E não tem como passar isso em palavras...não mesmo.


Quando rolou esse lance com a minha amiga do colegial foi numa festa que a gente costumava fazer na casa de um ou de outro. Cada um levava os discos que queria ouvir, o que queria beber, se dividia tudo. Tive uma boa turma naquela época.


Eu estava com o “Ten”, claro que tocou “Black”. Não sei se foi isso mesmo que aconteceu, mas parece que eu adormeci encolhida dentro de um armário embutido abraçada ao disco. Queria me esconder porque, isso ainda persiste, não sou muito bem articulada pra falar. Está ai a origem do meu gosto pelo jornalismo impresso. Parece mais fácil dialogar com o papel.


Agora eu não tinha onde me esconder. Pelo contrário, acho que apareci até demais. E sei porque...bebi mais do que deveria e eu detesto isso. Fico muito mais sensível pra captar as coisas e muito vulnerável. Isso faz com que a dor aumente...e muito. Não tem o que anestesie.


Então, o “Ten” foi meu porto seguro lá, volta a ser aqui. E tem aquela frase que parece que vai me acompanhar pelo resto dos meus dias... “sei que você será uma estrela no céu de outra pessoa...por que não poderia ser no meu?”.






Além de ouvir “Black” na turnê ouvi “Just Breath”, mais recente. Mas com aquela letra que só Eddie Vedder poderia escrever. Descobri ai meu epitáfio. E enquanto a dor não passa a música me abraça. Simples assim.


Continuo amiga daquela menina da época do colégio. Não nos vemos muito, mas sei que ela não quis me magoar, do mesmo jeito que essa que tá mais presente comigo agora também não. Eu procuro “enxergar” as pessoas, quando olho para elas eu realmente as vejo. Queria que fosse o contrário de vez em quando.


Como disse, não sou muito boa com palavras...e não saber dizer o que se sente, ou não querer, sei lá, é complicado. “...eu te disse que preciso de você? Disse que te quero? Se não...eu sou um idiota, você pode ver...por que ninguém sabe disso mais do que eu...” Eddie Vedder de novo, em “Just Breathe”.


E sim, eu entendo...amigos são poucos que fazemos com o passar do tempo. Sou grata pelos que tenho mas é impossível impedir que algum dia um deles me magoe, mesmo sem querer. Só não queria ser tão vulnerável em algumas situações...preciso trabalhar isso. O choro, não para. Não cessa...vem crescendo de dentro pra fora e toma forma nessas gotas salgadas que ressecam meu rosto. Por agora. Vai passar. Um desapontamento sempre dá lugar a outro.






BLACK – do álbum “Ten” (1991)


Hey, oh

Sheets of empty canvas
Untouched sheets of clay
Were laid spread out before me
As her body once did


All five horizons
Revolved around her soul
As the earth to the sun
Now the air I tasted and breathed
Has taken a turn


Oh and all I taught her was everything
Oh I know she gave me all that she wore


And now my bitter hands
Chafe beneath the clouds
Of what was everything
Oh the pictures have
All been washed in black
Tattooed everything


I take a walk outside
I'm surrounded by
Some kids at play
I can feel their laughter
So why do I sear


Oh, and twisted thoughts that spin
Round my head
I'm spinning
Oh, I'm spinning
How quick the sun can, drop away

And now my bitter hands
Cradle broken glass
Of what was everything
All the pictures had
All been washed in black
Tattooed everything

All the love gone bad
Turned my world to black
Tattooed all I see
All that I am
All I'll be
Yeah


I know someday you'll have a beautiful life
I know you'll be a star
In somebody else's sky
But why
Why
Why can't it be
Why can't it be mine.



JUST BREATHE – do álbum “Backspacer” (2009)


Yes, I understand that every life must end, aw-huh,
As we sit alone, I know someday we must go, aw-huh,..
Oh I'm a lucky man, to count on both hands
the ones I love
Some folks just have one,
yeah, others, they've got none, huh-uh

Stay with me
Let's just breathe.


Practiced are my sins,
never gonna let me win, aw-huh,..
Under everything, just another human being, aw-huh
Yeah, I don't wanna hurt, there's so much in this world
to make me bleed.

Stay with me
You're all I see.

Did I say that I need you?
Did I say that I want you?
Oh, if I didn't I'm a fool you see,..
No one knows this more than me.

As I come clean.
I wonder everyday
as I look upon your face, aw-huh
Everything you gave
And nothing you would take, aw huh
Nothing you would take
Everything you gave...

Did I say that I need you?
Oh, did I say that I want you?
Oh, if I didn't I'm a fool you see
No one knows this more than me.
As I come clean, ah-ah...

Nothing you would take,..
Everything you gave.
Love you till I die,..
Meet you on the other side.


FOTOS: ADREANA OLIVEIRA